Tímida, mas sem pudores
(ou quase sem, porque sempre há os limites).
Sou assim...Duas de mim.
Às vezes três, quatro... cinco, seis... Me diversifico.
Vivo num conflito. Mostro ao mundo minha dor.
Outras horas, só sei falar de amor. A mais romântica, meladramática.
Aí quando menos percebo,me trasformo
em uma mulher cheia de medo, cheia de reservas. Séria e sem defesa.
No minuto seguinte, No papel de mulher fatal,viro logo a tal.
Segura e destemida. Rasgo meus segredos ao meio.
Conto o que ninguém tem coragem de contar.
Explico detalhes que é bom nem lembrar.
Sou assim, várias de mim...
Melhor nem me conhecer. Na vida real sou bem mais complicada.
Sou mil. E quem tentou, descobriu.
Que viver ao meu lado, é viver num campo minado,
prestes a explodir. Mas quem esteve nele, nunca quis fugir!!!
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato… Ou toca, ou não toca.
(Clarice Lispector)
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